Pesquisas e Projetos
Por uma antropologia da vida: políticas da natureza e ontologias ambientais
Início: 2020
Coordenação: Suzane de Alencar Vieira e Indira Nahomi Viana Caballero
O objetivo deste projeto é compreender incidência da questão da vida na antropologia em diferentes sentidos e práticas: 1- emaranhados multiespécies, relações entre humanos e não humanos em diversos arranjos ecológicos; 2- natureza agenciada por práticas e concepções científicas e suas controvérsias; 3- arranjos de seres e forças tais como concebidos por coletivos não-ocidentais, mais especificamente conhecimentos indígenas e quilombolas; 4- sentido existencial suscitado pela reflexão sobre mudanças climáticas e catástrofes ambientais de escala global. Por uma antropologia da vida (sem o qualificativo “social” ou “cultural”), designa-se uma sensibilidade ou atenção às diversas ontologias, pragmáticas e éticas ecológicas, a convivialidades multiespécies, às relações entre humanos e animais, plantas, espíritos, paisagens, objetos. A pesquisa se desdobrará em três etapas: estudo teórico, levantamento bibliográfico, análise comparativa e pesquisas de campo conduzidas pela coordenadora do projeto e suas/seus orientandxs. As etnografias e estudos bibliográficos estimulados por este projeto matricial e realizadas por estudantes de graduação e de pós-graduação abordarão situações, eventos, controvérsias em torno desses diferentes agenciamentos da vida. As atividades aqui propostas poderão fornecer contribuições de cunho etnográfico e teórico-comparativo para os campos da antropologia da ciência e da tecnologia, etnologia indígena, antropologia das populações afrobrasileiras, antropologia simétrica e estudos ecofeministas. Este projeto coletivo tem por meta fortalecer o núcleo de pesquisa Caroá (FCS/PPGAS), estruturar e estimular sua produção acadêmica, as linhas de pesquisa do núcleo e do PPGAS, além de contribuir para formação de pesquisadores/etnógrafxs, para diálogo transdisciplinar na UFG e para articulação de uma rede nacional de pesquisadores sobre o tema.
Dos sinais das águas aos sinais do tempo:
um pesquisa etnográfica sobre as práticas de conhecimento de agricultores quilombolas do Alto Sertão (Caetité-BA) sobre fluxos das águas e mudanças climáticas
Início 2022
Coordenação: Suzane de Alencar Vieira
Ao longo de pesquisas teóricas e empíricas (Vieira, 2015) que desenvolvo há mais de uma década sobre as lutas de resistência das comunidades rurais quilombolas no Alto Sertão baiano (Caetité-BA), pude constatar que agricultores quilombolas detêm um conhecimento complexo sobre as alterações ecológicas e transformações meteorológicas e climáticas. Em uma região situada na faixa do semiárido e afetada pelas consequências da extração mineral de urânio radioativo, por períodos prolongados de seca e por uma intensa crise hídrica, agricultores e agricultoras manejam técnicas de observação que tomam os sinais de água como mediadores e “indicadores” de transformações ambientais e meteorológicas. Essas técnicas são localmente designadas como “adivinhação” e serão consideradas nesta pesquisa no âmbito do conjunto de tecnologias tradicionais de visualização, captação e extração de água subterrânea e das chuvas. Esta pesquisa acompanha como as/os agricultores analisam as alterações ecológicas e climáticas a partir de suas próprias observações desde o Alto Sertão da Bahia.